Salar de Uyuni - Parte 3: últimas paradas e o caminho até La Paz

O segundo dia se encerrou na Laguna Colorada, como disse no post anterior. Dali até a divisa Bolívia-Chile não foi um caminho tão longo. Fomos até a divisa pois a partir dali três do nosso grupo seguiram rumo ao deserto do Atacama. Os restantes, eu e o casal espanhol, voltamos a cidade de Uyuni e seguimos os nossos próprios rumos.

Laguna Verde

23/12/2014 - 8º dia

Morto!
A noite nesse hotel foi menos agradável do que a anterior. O frio foi mais intenso, não havíamos tomado banho e o banheiro também não estava nas melhores condições. Acordamos por volta das 4 horas da manhã, pois tínhamos que ir até a divida Bolívia-Chile e em seguida fazer todo o caminho de volta até Uyuni. Eram os últimos momentos no deserto.

Fizemos todo o procedimento do dia anterior. Acordamos, tomamos café, arrumamos as coisas e partimos. Quando acordamos o outro grupo já não estava mais no hotel, portanto a espanhola acabou usando o banheiro deles. Ou tentou usar. Assim que ela entrou vomitou tudo. Disse depois que o banheiro estava completamente sujo. Faz parte da viagem.

Primeira parada: Geisers

A ideia inicial era de visitar os Geisers antes do sol da manhã, mas infelizmente isso não foi possível. Novamente chegamos um pouco atrasado, mas a vista não é menos impressionante. Reparou que o nosso grupo sempre estava atrasado em relação ao resto, não é? Isso tudo faz parte e dá a graça a viagem. O frio ainda era muito forte, assim como o cheiro de enxofre. Estávamos por volta de 4900 metros de altitude, mas desta vez já não estava sentindo tanto os efeitos. Segue um vídeo legalzinho que fiz na parte que era permitido fazer isso.


Ai não deu pra pular, né...
Segunda parada: Águas termales

Chegamos então nas águas termales. Não sei ao certo a temperatura da água, mas ela estava bem quente e relaxante. Provável que estivesse em uma temperatura bem alta, pois o frio naquele momento era muito forte. Era o momento então de relaxar um pouco e finalmente tomar um banho. Era o penúltimo ato no deserto.

O grande problema, como sempre, foi o banheiro. Precário, sujo, não fornece muita privacidade e ainda é pago. Uma pechincha, é bem verdade. Cada um se virou do jeito que deu e caimos então nas águas quentinhas. O grupo que estava conosco no último hotel também estava ali. Conversei um pouco com eles e bati algumas fotos. Me senti bastante querido pelos bolivianos.

Todo o grupo nas Águas Termales
Eu e uma menininha boliviana
Jogadores de poker


Terceira parada: Fronteira Bolívia-Chile

A terceira e rápida parada foi na fronteira. Como disse anteriormente, metade da galera que estava conosco ia continuar a viagem rumo ao deserto do Atacama, que fica a cerca de 40 km da fronteira. Nos despedimos ali, no meio de muitos carros e várias outras pessoas que fariam o mesmo percurso.

Fronteira
Quarta parada: Laguna Verde

Caso você seja um leitor frequente do meu blog vai se lembrar que no último post falei que me decepcionei duas vezes nessa viagem. Uma foi na Laguna Colorada e a outra... na Laguna Verde. Acontece que as imagens, que eu havia visto destas lagoas, mostravam as cores (vermelha e verde, respectivamente) bem fortes e vivas. Infelizmente não foi o que vi na realidade. Não que elas não tenham aquelas cores, é óbvio, mas a natureza não me permitiu vê-las em sua plenitude.

Como tudo no deserto a vista da Laguna Verde é sensacional. Parece um quadro de tão bonita. O vento fraco que batia naquelas redondezas não permitiu que a cor verde ficasse tão viva como em algumas fotos que vi. Me decepcionei um pouco e acho que este é um excelente motivo para eu retornar ao deserto. 

Laguna Verde que não estava verde
Quinta parada: Almoço no meio das pedras e o retorno para a cidade de Uyuni

Após a Laguna Verde o roteiro era um só: retornar a cidade de Uyuni. Paramos somente uma vez e foi para almoçar. Como você pode imaginar fiz a viagem de volta quase inteira dormindo, pois a estrada, ainda que seja repleta de irregularidades, estava em condições favoráveis para uma bela soneca. 

Nossa parada para o almoço foi em uma vila no meio do nada. Lá encontramos várias outras pessoas que estavam conosco nas outras paradas, principalmente no salar de Uyuni do primeiro dia. Conversei bastante sobre futebol com alguns argentinos que estavam por lá. Nesse local as condições para o almoço eram ótimas. Havia mesa, sombra e banheiros limpos, mas infelizmente o local estava lotado. Tivemos então que improvisar e de certa forma foi até melhor.

Paramos no meio de algumas pedras bem bonitas e almoçamos por ali. No meio do deserto, distantes de tudo, eu, um casal espanhol e Jedi, o guia boliviano. Comemos uma comida simples, como de costume, e tiramos algumas belas fotos do local. Ganhamos de brinde uma nova parada em mais um lugar lindo.

O último almoço
Chegada à cidade de Uyuni e considerações finais

Almoçamos, voltamos a viajar e eu a dormir. Acordei em alguns momentos quando passamos em alguns vilarejos, mas depois só despertei faltando alguns minutos para chegarmos na cidade. Quando vi de longe o cemitério de trens percebi que a viagem havia se encerrado.

O passeio de 2 noites e 3 dias pelo deserto é fantástico. Os adjetivos ao longo dos meus textos se repetem, pois é bem difícil transmitir em palavras a beleza deste lugar. Talvez esse meu exagero seja por ter sido a minha primeira viagem internacional, o que não acredito. O lugar é impressionante e a viagem vale muito a pena. A principal dica que dou? Tire muitas fotos. De tudo. Aproveitar o lugar, absorver a energia das paisagens e pessoas, conversar, tudo isso também dou como boas dicas. Sai de Uyuni diferente do que entrei.

Quando chegamos na cidade caçamos logo um lugar com wi-fi. Mandamos mensagens aos amigos e familiares e depois passamos um bom tempo conversando sobre tudo, eu e o casal espanhol. Eles partiam dali para Cochabamba, onde a mulher estava hospedada durante a sua passagem pela Bolívia. Comemos uma bela carne em um lugar simples e nos despedimos. Chegou a hora de subir o morro.

Bienvenido a La Paz!

O "terminal rodoviário" da cidade de Uyuni é um caos. Acabei comprando uma passagem para Oruro e de lá tomei outro ônibus até La Paz, o que não foi nada complicado e saiu bem mais barato. 

Apenas um registro de Oruro
O ônibus que fui estava repleto de bolivianos completamente bêbados e a viagem foi tensa e ao mesmo tempo divertida. Tensa pois não sabia o que aqueles caras iriam aprontar, mas com o tempo se tornou divertida pois eles só estavam bêbados. Não fizeram nada demais. Eu estava muito cansado e dormi a viagem inteira, praticamente. Sempre tomando todos os cuidados com o celular, câmera digital e carteira. Ser roubado naquele momento seria trágico. 

Coloquei Oruro no mapa inicial, mas confesso que isso é bem injusto. Passei apenas alguns minutos naquela cidade, que serviu somente de ponte para La Paz. Chegando ao terminal rodoviário de Oruro, que estava fechado, vi várias pessoas esperando que ele abrisse e alguns ônibus que estavam partindo para La Paz. Fui no primeiro que vi, o frio era insuportável, comi um hambúrguer, o primeiro de muitos daqui pra frente, entrei no ônibus, tirei a foto que segue e dormi. Faltavam poucas horas para chegar em La Paz e eram mais ou menos 5 horas da madrugada.

Minha chegada em La Paz foi semelhante a de Potosí. Muito frio e um pouco perdido. Mas isso é papo para o próximo post. Até mais!

Salar de Uyuni - Parte 2: Lagunas, piedras e poker valendo folhas de coca

O primeiro dia nesse tour foi repleto de muito sal, boas histórias e conversas. A noite de sono no hotel de sal também foi bastante agradável e o frio era muito menor do que o esperado. Não fomos dormir tarde, mas acordamos bem cedo, por volta das 6 horas da manhã. Alguns tomaram banho, outros não, todos tomamos o café da manhã e depois foi pé na estrada. O segundo dia foi menos impressionante do que o primeiro, mas também foi muito agradável. Segue o relato.

Partiu "lagunas"!

22/12/2014 - 7º dia

Primeira parada: linha de trem

O segundo dia em Uyuni começou cedo. Por volta das 6 horas acordamos e nos preparamos para partir. Como disse na introdução, este dia poderia ser tranquilamente chamado de "O dia das Lagoas". Fomos em quatro lagoas diferentes. A paisagem é um tanto quanto repetitiva, mas isso não tira em nada o brilho da viagem. Nossa primeira parada foi em uma linha de trem que faz a ligação Bolívia-Chile. A vista é encantadora, talvez a foto que eu mais goste de toda a viagem seja a desta parada. Próximo a linha de trem tem-se também o Vulcão Ollague, semi-ativo.

Maravilha!
Segunda parada: lugar repleto de pedras

Alguns lugares desta viagem simplesmente não tem nome, o que pode parecer engraçado. A segunda parada foi em um destes locais, repleto de pedras lindas e com alguma vegetação. O que senti bastante neste segundo dia foi a altitude. Nesse momento da viagem estávamos a cerca de 4000 metros de altura. Meu estômago começou a embrulhar e a cabeça doer. Sintomas normais no alto do morro. Outra coisa que me chamou atenção foi o céu azulado que dá um toque a mais nessas belas paisagens do deserto.

Pedras em diversos formatos.
Llareta. Vegetação no alto do morro.

Terceira parada: Laguna Cañapa

A viagem até a primeira lagoa do nosso roteiro foi longa. Chegamos na Laguna Cañapa quase na hora do almoço e foi ali mesmo que fizemos nossa segunda refeição do dia. As montanhas ao redor, a bela lagoa e os incontáveis flamingos fazem parte da paisagem que apreciamos por um bom tempo. 

Flamingos
Laguna Cañapa
Quarta parada e quinta parada: Laguna Hedionda e Laguna Ramaditas

No caminho para chegarmos a segunda lagoa encontramos uma "raposa" perdida no meio do deserto. Obviamente paramos e registramos algumas fotos. Ela chegou bem perto do nosso automóvel.

"Zorro"

Essas duas lagoas citadas não me impressionaram muito. Paramos por pouco tempo apenas e apreciamos a vista, um tanto quanto repetitiva, como disse anteriormente. A imagem que segue não foi registrada pelo blogueiro que vos escreve.

Laguna Hedionda
Sexta parada: Arbol de Piedra (Árvore de Pedra)

HELP!
Nesse momento da viagem a altitude já havia me pegado em cheio, fora que o frio também estava muito forte. Como no dia anterior não sofri muito com o clima, acabei deixando uma das minhas blusas de frio na mochila, que estava em cima do Jeep e não podia ser aberta. Me dei mal! Sofri com o frio durante a viagem inteira, até chegarmos na Laguna Colorada, ponto final do segundo dia. 

No caminho até a Árvore de Pedra encontramos um grupo parado no meio do caminho. O carro deles deu algum problema e estavam lá tentando solucionar. Não ajudamos muito, pois ninguém ali era mecânico especializado no assunto, mas pude notar que mesmo na adversidade todos estavam aparentemente numa boa, curtindo a vibe. Mochilar é assim mesmo, estamos sujeitos a tudo. 

Chegamos então na Árvore de Pedra e novamente nos deparamos com todas aquelas pedras em formatos diferentes que juntas são muito bonitas. E é claro com a famosa Árvore de Pedra, que de fato é bastante surpreendente. 

Árvore de Pedra
Sétima parada: Laguna Colorada

Como te... lhamas?
Chegamos então na última parada do segundo dia: a famosa Laguna Colorada. Essa foi a primeira de duas grandes decepções em minha viagem e vou explicar o porquê a seguir. Para entrarmos no parque tivemos que pagar 150 bolivianos. Entramos e chegamos no segundo alojamento, onde passaríamos a noite. Ele era bem menor do que o do dia anterior, mas inicialmente não olhamos muito, apenas deixamos as coisas por lá, eu peguei a outra blusa de frio e partimos para a Laguna.


Antes disso passamos alguns minutos tirando fotos com as Lhamas. Estavam todas presas em um espaço quadricular, com exceção de uma que ficou do lado de fora e que fez a alegria da galera. 

Por azar do destino não pegamos a Laguna Colorada na cor vermelha. Quando chegamos o dia já estava indo embora e isso acabou prejudicando a visão da lagoa. O caminho do alojamento ao mirante é relativamente longo, caminhamos uns bons minutos a pé e quando chegamos lá já estava tudo na sombra. Infelizmente sai um pouco decepcionado por não tê-la visto avermelhada, mas mesmo assim a vista é muito bonita. Na realidade todas as vistas são impressionantes. Falar isso é o famoso chover no molhado, mas mesmo assim tive essa decepção, que foi a primeira na viagem. A segunda viria no dia seguinte.

Laguna Colorada :(
Retornamos para o alojamento e passamos o resto da noite ali conversando. Este local era bem ruim, haviam apenas dois quartos, um para cada grupo, com um banheiro em cada. Não haviam tomadas para carregas os nossos aparelhos. Tivemos que deixa-los em uma outra casa, ao lado do alojamento, por toda a noite e ainda pagamos 5 bolivianos por isso. Uma pechincha, mas não havíamos sido avisados. No banheiro não havia chuveiro, passamos então uma noite sem banho. Tranquilo. E o frio... Bom, nessa noite eu realmente senti um frio de rachar.

Fizemos o nosso lanche e depois jantamos. Conversamos, trocamos contatos e histórias. O meu grupo foi dormir um pouco cedo e reparei que o outro estava se divertindo jogando poker valendo folhas de coca. Não podia perder essa oportunidade e me juntei a eles. Era uma grande família boliviana com um brasileiro perdido no meio. Agora eram dois brazucas. Eles ficaram impressionados com o bastão de selfie que eu tinha levado (e que não me serviu de quase nada). Pegaram, tiraram várias fotos com ele e se divertiram bastante. Também me diverti muito com eles e até ganhei bastante folhas de coca. Foi um momento muito legal da viagem. 

Após a jogatina voltei para o quarto e fui dormir. Iriamos acordas às 4 horas da manhã no dia seguinte para chegarmos a fronteira Bolívia-Chile, deixarmos lá os que iam seguir para o Deserto de Atacama e retornarmos a cidade de Uyuni. Eram os últimos momentos no deserto.

Salar de Uyuni - Parte 1: Trens, alpacas, lhamas, cactos e sal

Era chegada a hora de conhecer o Salar de Uyuni. Na realidade não só o salar, mas todo o deserto, as lagoas e a experiência de passar duas noites viajando por aí em um veículo com uma galera desconhecida. Nos dias de planejamentos sempre imaginei, com a leitura dos relatos, que essa seria uma experiência única na minha vida. Juntamente com Machu Picchu, o tour pelo Salar de Uyuni eram os dois momentos mais esperados do mochilão e não me decepcionei. Pelo contrário, foi até mais do que eu esperava. Segue então o relato de três dias e duas noites pelo deserto.

Palavras não são suficientes

21/05/2014 - 6º dia

Fomos enganados, mas quem se importa?

O início do dia 21 foi de preparação para o tour. Os colegas capixabas estavam muito mais bem preparados do que eu e por conta disso peguei algumas dicas com eles, sobre o que deveria levar, o que faltava, etc. Comprei então um suéter de pelo de lhama e óculos de sol da conceituada marca "Rai Fio", por uma bagatela de 110 bolivianos. Levei também duas garrafas de 1 litro de água e amendoim. Voltei então para o hostel e nos sentamos no sofá, aguardando o guia turístico chegar. O horário estava marcado para 10:30. 

Primeiro contato com os companheiros de viagem
No hostel haviam vários outros grupos de pessoas que também iam fazer o tour, mas por outras companhias. Brasileiros e argentinos faziam os últimos preparativos para partir. Nosso guia foi o último a chegar, por volta das 10:50. Guardamos as nossas malas no Jipe, entramos no veículo e partimos. O título do texto fala que fomos enganados e aqui dou a primeira explicação. Quando fechamos o tour nos foi prometido que teríamos a companhia de três meninas de Minas Gerais. Não fechamos por conta disso, óbvio, mas quando entramos no carro eram um casal de espanhóis e uma japonesa que iriam nos acompanhar. Ao longo do texto não vou tocar mais neste assunto, portanto vou relatar logo que fomos enganados também pelo preço, que foi diferente para cada subgrupo dos seis viajantes, e pela promessa de que iriamos dormir a primeira noite em um hotel de sal. Jedi, o nosso guia, nos disse que isso só iria acontecer se encontrássemos um disponível. Outro fato complicados foi a falta de tomadas para carregar nossos aparelhos. Até haviam, mas eram pouquíssimas e na segunda noite tivemos que pagar pelo serviço. Mas nada disso tirou o brilho da viagem. Nada! Primeiro porque a galera que nos acompanhou foi sensacional do começo ao fim. Segundo porque dormimos em um hotel de sal. O problema todo é a malandragem dos bolivianos, por isso é sempre bom tomar cuidado. Pagamos 120 dólares, mas outros pagaram 180 e 90 pelo tour. 

Primeira parada: Cemitério de Trens

Ciudad de Uyuni
Cemitério de Trens 
Nossa primeira parada foi no Cemitério de Trens. Confesso que o lugar não é dos mais impressionantes, pois é "somente" um lugar com trens enferrujados, praticamente um ferro velho. É bonito, nos deu a possibilidade de tirar fotos bem legais, mas não achei tão legal assim. O que me impressionou foi a quantidade de Jeeps perfilados na frente do Cemitério. Inúmeros grupos iniciam ou terminam o seu tour por ali e já pude sentir que iriamos nos encontrar mais à frente em muitos momentos, o que de fato aconteceu. Não posso deixar de confessar que não sou um bom fotógrafo, por conta disso os meus registros acabam não sendo tão impactantes como o de outras pessoas. Esta ai algo que necessito melhorar para o próximo mochilão: fotografia. Mas perto da memória os registros não são nada.

Segunda parada: fotos com lhamas

Após o cemitério de trens continuamos nossa viagem, desta vez em direção ao deserto de sal. Ao longo do caminho não se vê quase nada, apenas uma ou outra casa, alguns nativos e as famosas lhamas. Em determinado momento havia um enorme grupo de lhamas. O guia então parou e pudemos vê-las de perto e tirar algumas fotos. São animais bonitos, bem característicos da região e dóceis. Algumas alpacas também estavam ali no meio, misturadas aos outros animais. 

Lhamas e alpacas no deserto
Terceira parada: Salar de Uyuni - parte 1

Salar de Uyuni
Uhul!
Paramos diversas vezes no salar. A primeira parada foi de certa forma uma introdução para o que nos esperava. Assim como no Cemitério, haviam muitos Jeeps espalhados pela região. Lembra das pessoas que vi no ônibus de Potosí para Uyuni? Pois bem, muitas estavam ali. Algumas do nosso hostel também estavam. Confraternizamos, tiramos fotos, conversamos e, principalmente, apreciamos a bela vista do Salar. 

Fazendo uma nova conexão com os antigos posts, lembra que a meia é um dos esconderijos de grana nas minhas viagens? Estava com 200 dólares em um dos tênis e pisei várias vezes na água. Só fui lembrar quando estava com o tênis molhado de água. Por sorte o cara lá de cima (ou "El Tío"?) me abençoou e o dinheiro estava intacto. Assim que entrei no Jeep retirei a grana do tênis para não correr mais riscos desnecessários.

Quarta parada: Monumento do Rali Paris-Dakar

Rali Dakar
Monumento do Rali Paris-Dakar
Um dos trajetos do famoso Rali Paris-Dakar é o Salar de Uyuni. Não vimos nenhum carro, até porque o rali ainda não havia se iniciado, mas uma das paradas foi em um belo monumento do Rali. Nesse ponto novamente se repetiu o encontro com os outros viajantes, sempre com muita conversa e brincadeiras. São muitos os brasileiros que fazem este tour, sendo que se dividem entre os que escolhem o de 2 noites, alguns de 3 e por ai vai. Em conversas com Jedi, o guia, fomos informados que existem tours de até 20 dias. Nesses mais longos os viajantes sobem as inúmeras montanhas, ou ilhas, que existem no deserto.




Quinta parada: Salar de Uyuni - Parte 2

Pisando no gringo
Após o monumento viajamos por mais alguns minutos. Com o tempo fomos nos desprendendo dos outros carros. Na realidade cada um seguiu um caminho, até que todos sumiram no deserto. Apenas um outro grupo, de simpáticos bolivianos e um brasileiro, nos acompanhou nessa trajetória. Perguntei a Jedi qual era o segredo para não se perder. A resposta foi óbvia e profunda: experiência. Muitos já tentaram fazer o tour por conta própria e acabaram se perdendo no meio de tanta branquidão. Paramos então no meio do deserto. Nada em volta, a não ser sal, sal e mais sal. 

O nosso almoço também aconteceu ali. Comida simples mas gostosa: arroz, salada, uma carne e Coca-Cola quente, o que é um costume dos bolivianos. Eles tomam tudo quente, ou na temperatura ambiente, como eles preferem dizer. Após o almoço passamos pelo menos 1 hora e meia apenas tirando fotos dos mais diversos tipos, sempre com o auxílio do prestativo Jedi. Nisso tivemos muita sorte, pois o guia do outro grupo não ficou nem mesmo 30 minutos com eles. Nosso guia nos ajudou bastante, deitou no sal, tirou a bota e nos apoiou nas fotos, mesmo porque ele é o experiente do tour e nós apenas amadores. Pegar ângulo e distancias ideais não é tão fácil como parece.

Transporte
Nosso veículo do deserto

Sexta parada: Ilha dos Cactos



Fotos batidas, local conhecido e viagem que segue. A próxima parada foi na Ilha dos Cactos, uma montanha no meio do deserto com cactos dos mais variados tamanhos. Para subir na ilha é necessário pagar 30 bolivianos. Decidimos não subir, até porque não foi necessário para apreciar a vista e tirar boas fotos. Novamente o mutirão de Jeeps foi um dos destaques do local. Ficamos no sal mesmo, observando os enormes cactos.

Ilha de Cactos
Ilha dos Cactos
Sétima parada e chegada ao Hotel de Sal


A sétima parada foi bem rápida. Paramos próximo de uma estrada para apreciar a vista e provar um pouco do sal. Ao fundo havia uma montanha com algumas casas aos pés. É um dos poucos vilarejos existentes no meio do deserto. Essa parada foi rápida, pois devíamos seguir em frente para encontrar o melhor hotel. 

Provando o sal de Uyuni
Essa parte do hotel foi confusa, pois quem chegar primeiro fica com as melhores acomodações. Ninguém nos avisou disso no começo da viagem, mas tudo bem. Chegamos em um hotel de sal com vários quartos, um precário banheiro, uma varanda simples e algumas poucas tomadas. Ficaram conosco mais 2 ou 3 turmas. Nessa parada conheci muita gente de outros países, bem como alguns brasileiros e um pouco mais da turma que estava comigo no tour.

Um argentino estudante de sociologia com sua namorada. Uma boliviana com sua família realizando o sonho de conhecer o Salar de Uyuni. Um brasileiro com sua esposa e filho pequeno, que iam fazer o tour de apenas uma noite. Mais um brasileiro gente boa, do nordeste e meio maluco. E assim terminou o dia, regado a chá dos mais variados tipos e algumas torradas. Após o chá mais conversas, desta vez com o pessoal que estava comigo. No final da noite, antes de irmos dormir, jantamos uma bela macarronada com frango. E como essa galera come frango, hein. 

A noite foi menos fria do que eu esperava, ainda bem. Fomos dormir após um dos dias mais legais da minha vida.
Corredor do hotel de sal.
Dormimos na última porta a esquerda.

Galera no "chá do fim de tarde

Hotel de sal - Nosso primeiro alojamento.
A foto foi tirada na manhã do dia seguinte.

Das minas de Potosí à confusa Uyuni

A impactante chegada à Potosí me fez querer apenas descanso na noite do dia 19. A única coisa que fiz, além de procurar o hostel, que acabou se tornando hotel fuleiro mesmo, foi comprar um tour para as famosas minas de Potosí, que se iniciou na manhã do dia 20. Visitar as minas estava no meu roteiro inicial, mas acabei fechando esse tour mais no impulso do que de forma consciente. Os efeitos da altitude foram pesado em meu corpo e não tava certo de que iria aguentar uma caminhada longa nas minas. Estou escrevendo este texto, com saúde e saudoso da viagem, portanto... deu tudo certo.

Grupo que participou no tour nas minas de Potosí. Repare no
contraste entre os turistas felizes, e eu me inclui, e o mineiro cansado e cabisbaixo.


20/12/2014 - 5º dia


Que "El Tío" vos abençoe!


A manhã do dia 20 foi muito mais agradável do que a noite do dia anterior. Acordei cedo, cerca de 2 horas antes do horário combinado para o início do tour. Deixei logo tudo arrumado, pois já estava decidido que eu não passaria mais uma noite naquele hotel. Na cidade talvez. Fui então para a praça central e fiquei ali alguns bons minutos tomando sol e observando a decoração (brega!) de natal. Mas não consigo ficar muito tempo parado no mesmo lugar e resolvi caminhar pela cidade, mesmo após ter vivido o que vivi. Dessa vez fui mais prudente, andei devagar, não fui para tão longe e parei em um mercado da cidade, onde tomei um delicioso chá de coca.

Retornei e esperei na frente da agência turística, local de saída combinado. Encontrei por lá um holandês, tivemos uma rápida conversa e descobri que ele iria participar também. Logo depois foram chegando as outras pessoas, um rapaz de taiwan, um inglês e um sueco juntamente com o seu filho, que provavelmente não tinha nem 10 anos. Quando vi o garoto pensei que ia ser um passeio tranquilo. Me enganei.

Estávamos na Bolívia, mas a língua utilizada pelo guia foi o inglês, pois todos os outros compreendiam melhor. Entrei na onda e acabei saindo um pouco prejudicado no entendimento da história local e do que se passa nas minas, porém nada disso prejudicou a insana experiência que tive. É sempre bom lembrar que o adjetivo utilizado para o tour varia de pessoa para pessoa. 

Comprando presentes para os mineiros
Comprando os presentes
O início de tudo foi em uma pequena tenda onde os guias levam os turistas para que estes comprem alguns presentes para oferecer aos mineiros, algo muito comum de ser realizado. Entre os "regalos" havia uma bebida com 97% (sim, não digitei errado) de álcool, cervejas, folhas de coca (o meu primeiro contato com a sacola verde), um suco de laranja (?) e dinamite (!). O álcool, juntamente com as folhas de coca, é utilizado para aliviar os efeitos do sono, fome e cansaço. Comprei um saco de coca, a bebida com 97% e uma garrafa de suco. O holandes maluco comprou umas 6 garrafas de álcool, muitos sacos com folhas de coca e muitas cerveja. Era o bad boy da galera, como ele mesmo dizia. E foi ele quem puxou o brinde com a bebida de álcool. Cada um tomou uma tampinha, com exceção dos suecos. Desce rasgando, como era de se esperar, e não é nada bom. Mas lá dentro das minas tomei mais outra tampa, em homenagem a "El Tío", uma entidade que oferece proteção aos mineiros. Daqui a pouco falo mais sobre isso.

Recebemos também alguns equipamentos necessários para um passeio sem acidentes. Roupa adequada, capacete, botas, máscara de proteção, uma bolsa para guardar os presentes e uma lanterna. Na entrada da mina já pude ter uma mostra de que a experiência seria inesquecível: um buraco negro onde não se via nada. Entramos e o tour finalmente se iniciou. O caminho nas minas foi completamente louco. Talvez a experiência mais impressionante que tive em minha vida, onde andei cerca de 2km no meio das pedras, respirando somente o ar contido ali dentro, tendo que se abaixar várias vezes para não bater a cabeça nas madeiras de sustentação, tomando todos os cuidados para não escorregar e ao mesmo tempo desviando dos mineiros que estavam ali realizando o seu trabalho diário. Os primeiros metros foram os mais tranquilos, pois naquela região o caminho tem maior altura. Paramos em vários momentos para tirar fotos e observar alguns mineiros trabalhando. 

Mineiros trabalhando
Trabalhadores nas minas de Potosí
As condições de trabalho são desumanas e a motivação para se trabalhar ali é a falta de emprego na cidade de Potosí, mas o salário acaba não sendo tão maior assim.Tudo depende dos mineirais que você encontra lá dentro. O que não depende disso é a saúde, que inevitavelmente é prejudicada por conta dos gases tóxicos. O perigo das dinamites também é uma constante ali dentro e a expectativa dos homens que trabalham ali é entorn de 40 e 45 anos. O governo da um ou outro auxílio, existem cooperativas que também ajudam, mas, obviamente, esta longe de ser o suficiente. Trabalho desumano, essa é a expressão que insisto em repetir. 

Deus dos mineiros de Potosí
El Tío
Já na segunda metade do tour tivemos que passar por um momento de risco, o primeiro de muitos nesse mochilão. Subimos três andares em escadas que de seguras não tinham nada. Com muita calma fomos subindo de um em um e nenhum acidente aconteceu. Fizemos essa subida para chegar em "El Tío". O ambiente naquele pequeno templo religioso é assustador. A imagem de "El Tío" é semelhante ao que conhecemos como diabo. Sentamos todos ali e acompanhamos o nosso guia repetir o que os mineiros realizam costumeiramente, tomando um pouco do álcool, jogando outro pouco aos pés da divindade, fumando um cigarro, etc, etc... Fazem isso para que "El Tío" os proteja de problemas que possam ocorrer nas minas. 

Fomos então para a parte final nas minas. Esta parte foi complicada para minha coluna, pois as madeiras de sustentação estavam cada vez em uma altura mais baixa. Foram frequentes as batidas de cabeça. Caminhamos por mais alguns minutos e fizemos a última parada, onde acompanhamos o trabalho de um dos mineradores, brincamos de trabalhar também e ouvimos o depoimento dele sobre como é trabalhar naquelas condições. Ele está na foto inicial do post, cabisbaixo e aparentemente cansado. Os mineiros possuem uma das bochechas inchadas devido ao tanto de folhas de coca que consumem ao longo da vida. 

O final do tour foi feliz por ter conseguido concluir uma difícil caminhada de 2km, mas ao mesmo tempo triste por saber que existem seres humanos trabalhando naquelas condições. Na realidade todos temos conhecimento de que muitas pessoas trabalham em condições até piores do que os mineiros, mas presenciar é muito diferente do que simplesmente saber. Que "El Tío" os proteja!

Após essa experiência eu estava acabado. Basta fazer uma conta simples de altitude mais esforço dentro das minas que o resultado você já pode imaginar. Minha passagem por Potosí se encerrou ali mesmo. Voltei para o hotel, peguei minha mochila, comi algo e parti em direção ao terminal rodoviário. Lá conheci dois capixabas que também iam partir para Uyuni e acabamos pegando o mesmo ônibus, juntamente com algumas outras figuras que iriam reaparecer no deserto. Minha cota de Potosí já se esgotou.


A balada de Sábado à noite


As viagens de ônibus na Bolívia foram sempre episódios à parte. Os motoristas, ao contrário do que li em alguns relatos, sempre guiaram bem os veículos, porém não eram tão bondosos com algumas mulheres que entravam para vender os seus quitutes bolivianos. A cada parada eram cinco ou seis mulheres subindo e começando a vender de tudo. Pães, bebidas, frutas, doces, salgados de qualidade duvidosa e algo semelhante a um sorvete. O problema é que elas ficavam dentro do ônibus e em um determinado ponto da viagem os motoristas as largavam no meio do nada! Reparei que em muitos momentos elas faziam o caminho de volta a pé. Tadinhas...

A viagem para Uyuni foi bem tranquila e o problema todo foi quando chegamos lá. A cidade é bem feia e mal cuidada, o que me fez pensar na hora nos motivos pelos quais isso acontece, pois o salar de Uyuni é talvez o principal destino turístico na Bolívia. Pois bem, combinei com os capixabas de realizar o tour guiado com eles. Os grupos saem diariamente às 10:30  da manhã, em geral com seis pessoas. Existem inúmeras agências turísticas em Uyuni que fecham esse pacote, mas demos o azar de chegar na cidade em um sábado à noite, por volta das 9 horas. Estava quase tudo fechado.

Entrada da cidade de Uyuni
Assim que colocamos os pés em Uyuni uma senhora veio nos oferecer um pacote. Respondi educadamente que não e sai com os rapazes procurando uma agência, mas ela veio nos seguindo, falando, falando e falando. Percebemos que tudo estava fechado e ela nos levou a um hostel barato. Chegamos lá e ela nos falou em valores. Inicialmente nos ofereceu um tour por 180 dólares, o que eu já sabia que era uma facada. Planejei fazer o tour de 2 noites e li em relatos que o valor médio era de 120 dólares. Oferecemos 90 e acabamos fechando o valor em 120 com a diária do hostel inclusa. Falamos que íamos pensar, pois foi tudo muito rápido e não havíamos andado bem pela cidade para ver outras agências. Ela avisou que não íamos encontrar nada por conta do horário, mas mesmo assim insistimos e fomos atrás. Andamos um pouco e ela estava correta, tudo estava realmente fechado. Resolvemos fechar então com a agência dela pelo valor relatado. Como foi tudo muito inesperado não me recordo o nome da agência. 

Inicialmente pensei que pudesse ser um golpe, pois foi tudo realmente rápido. Não tivemos tempo nem mesmo para respirar e ela já estava na nossa cola, mas arriscamos e até perguntamos para a atendente do hotel se era confiável. Ela respondeu que sim. No final deu tudo certo e tivemos a sorte de pegar um guia super prestativo, conhecido como Jedi. Nos próximos posts vou falar mais de um dos melhores momentos da minha vida, o tour de 2 noites pelo Salar de Uyuni. 

Até logo, Sucre! e a traiçoeira Potosí

No post anterior descrevi minha chegada até a Bolívia, com uma passagem relâmpago por Santa Cruz de la Sierra e o primeiro dia em Sucre. No texto a seguir vou falar um pouco dos meus últimos minutos em Sucre e dos momentos hardcore que passei em Potosí.


19/12/2014 - 4º dia


Até logo, Sucre!


Ruas de Sucre
Após uma boa noite de sono no Hostel Kulturberlin, era o momento de novamente juntar as malas e seguir o caminho da minha viagem. Como foi descrito no post anterior, no primeiro dia em Sucre andei bastante pela cidade e visitei vários pontos turísticos bem bonitos, mas faltava algo. No planejamento inicial da minha passagem por Sucre, ainda em Vitória, encontrei algumas fotos lindas da cidade vista de cima, mostrando a branquidão das construções juntamente com os belos telhados de cor avermelhada. Fiquei com aquilo na cabeça e não iria me satisfazer se não encontrasse tal lugar onde as fotos foram tiradas. O meu dia girou em torno deste objetivo.

Vista de Sucre em La Recoleta
Na minha cabeça esse lugar estaria no alto da cidade. Fui então novamente para La Recoleta, no alto do morro onde existe um monastério, uma bela praça e que pode ser alcançado tanto a pé, como de taxi ou carro. Nas minhas viagens gosto de caminhar, portanto escolhi a primeira opção. Já havia ido neste local no dia anterior, mas pensei que pudesse ter me enganado de algo, o que não aconteceu. Chegando em La Recoleta não vi nada que não tivesse visto no dia anterior, o que me decepcionou um pouco. A vista é linda, como você pode observar na foto, mas não me deu a sensação que tive ao ver as outras imagens. De qualquer forma, vale muito a pena visitar La Recoleta e aproveitar para ir ao Museu de Arte Indígena, que fica próximo a este local.

Desci novamente para o centro da cidade (Plaza 25 de Mayo) e procurei saber o nome do local que procurava indo nas inúmeras agências de turismo que existem nas redondezas. Cansei um pouco de procurar e fui novamente na Casa de La Libertad, mas desta vez para conhecer o museu. Este lugar possui um excelente acervo sobre as histórias da Bolívia e de Sucre, mas creio que a visita guiada seja muito mais proveitosa. Fui sozinho, li algumas coisas, tirei algumas fotos, mas confesso que o meu objetivo nessa viagem era de apreciar mais belezas naturais ou sentir os locais do que visitar museus e igrejas. Por sinal o entorno de Sucre é repleto de passeios pela natureza, mas infelizmente minha estadia na cidade foi de curta duração.

Ostentação!
Após a visita a Casa de La Libertad caminhei um pouco para o lado de Sucre onde ainda não tinha ido e a beleza naquela cidade me pareceu uma constante, sempre com prédios brancos, lindos, com praças verdes e floridas. Nesse momento eu já estava quase desistindo de encontrar aquele lugar. Voltei a Plaza 25 de Mayo e entrei em uma lanchonete próxima, com a temática totalmente voltada para os turistas. Me alimentei, sai da lanchonete e fui novamente em uma agência de turismo, bem próxima. Nisso eu já estava com o mochilão nas costas, a poucas horas de partir para Potosí. Ainda não havia comprado a passagem, pois era só chegar no terminal rodoviário e comprar, portanto deixei pra ver isso na última hora. Na agência veio o alivio. O local que eu queria ir era o Oratório de São Felipe Neri, a poucos minutos de onde eu estava. Certamente este foi o momento mais feliz da minha passagem por Sucre.

Sem perder tempo, fui logo em direção ao Oratório e descobri então o porquê de Sucre ser conhecida como "la Ciudad Blanca de las Américas". Este lugar fica bem no centro da cidade, mas a entrada é por apenas uma pequena porta e o horário de visitação é somente na parte da tarde. Cheguei, subi e apreciei bastante a vista, fazendo muitas fotos e alguns vídeos. Estava comigo um casal polonês e bati um papo com eles, sempre com dificuldade por conta do meu inglês. Eles tiraram algumas fotos minhas, tirei deles também e naquele momento minha passagem por Sucre se encerrou com chave de ouro. Mas, como diz o outro, não foi um adeus e sim um até logo. Sucre esta na minha lista de cidades que pretendo retornar um dia.

Oratório de São Felipe Neri

Até logo!

O início da aventura...


Quando perguntei sobre a altitude de Potosí me indicaram tomar chá de coca, Sorojchi Pills antes da viagem e de 8 em 8 horas e acima de tudo prudência. Não tomei o chá, comprei e tomei as pílulas e prudência... bom, vou contar essa história.

Após sair do Oratório, peguei um táxi e fui em direção ao terminal rodoviário. Lembrando que o preço do transporte na Bolívia é sempre muito barato, mas a qualidade não é das melhores. Nos relatos li que a maioria dos ônibus não tem banheiros, os motoristas muitas vezes viajam bêbados, os ônibus quebram no meio do caminho, enfim... uma confusão generalizada. Assim que cheguei ao terminal senti que o clima ali seria um pouco confuso mesmo, mas não tão maluco como li nos relatos. O ônibus que peguei realmente não tinha banheiro, mas a viagem foi bem tranquila, com uma paisagem de tirar o fôlego em alguns momentos.

Terminal Rodoviário de Potosí
O primeiro problema que senti foi o frio na chegada de Potosí. Estava ainda dentro do ônibus, vestindo uma regata (em Sucre o clima estava excelente) e aos poucos o tempo foi esfriando. Apelei então para minha blusa de frio e relaxei. A entrada de Potosí é bem feia. Chegando no terminal, arrumei as minhas balas e desci do ônibus. Assim que toquei os pés no chão já pude sentir que o buraco ali era mais embaixo. Desculpe a expressão, mas estava um frio filho da puta! Fui ao banheiro, coloquei mais duas camisas por baixo e consegui  melhorar um pouco a situação. Saindo do terminal procurei um táxi e pedi que ele me levasse a um hostel. Até ai tudo bem, conversei com o taxista, uma outra família também entrou no táxi, enfim, tudo corria bem, até porque o táxi estava todo fechado, quentinho. 

"Luxuoso" hotel
O taxista me deixou em uma rua com dois hotéis e um hostel. Paguei, desci e fui no primeiro. Tudo perfeito, mas não tinha wi-fi. Fui no segundo a mesma coisa. No terceiro a situação se repetiu. Após Potosí o meu destino era o deserto de Uyuni, onde não tem internet e nem mesmo sinal de celular. Por conta disso eu queria passar as duas últimas noites (o planejamento era ficar duas noites em Potosí, mas fiquei somente uma) em um hostel com wi-fi, portanto sai andando pela cidade em busca disso. Subidas, descidas, muita gente na rua, frio, cidade um pouco escura e aos poucos fui ficando tonto. Não dei muita atenção a isso, pensei que era apenas uma tonteira passageira e continuei na busca pelo hostel com wi-fi. Continuei procurando, a tonteira foi aumentando, o estômago começou a embrulhar, a cabeça começou a doer e em um momento tive que escorar na parede pois, no popular, a coisa tava ficando feia. Mas mesmo assim continuei na minha busca, até porque não podia ficar na rua, né. Encontrei uma agência de turismos e pedi, em forma de socorro até, uma direção. Eles me indicaram um hotel próximo, sem wi-fi, e fui nele mesmo. Nesse momento eu já estava prestes a vomitar, com a cabeça zonza e querendo somente que aquela agonia passasse. Com bastante dificuldade cheguei no tal hotel, horroroso! A dificuldade não foi somente pelos problemas físicos, mas também pela localização do hotel. Por alguns instantes eu até pensei que fosse um golpe, mas não tive outra escolha a não ser confiar. A primeira coisa que fiz foi deitar na cama e descansar. Acontece que eu subestimei a altitude de 4 mil metro de Potosí. Passei então a pior noite da minha viagem, em um quarto de hotel sem luxo algum. Mas sobrevivi!

Sorojchi Pills - Não adiantou nada!

Ah... Quando parei na agência de turismos aproveitei e comprei um tour para as Minas de Potosí, que ia sair no outro dia na parte da manhã. Mas isso é papo para o próximo post. Até mais!